Resolvi reduzir minha permanência em Dublin.
Visitaria outros países para aproveitar a estada na Europa. Planejei passar uns dias em Genebra, na casa da hilária Rosa, no início do mês de maio.
De Dublin a London (Gatwick Airport) e de London a Geneve, em seguida Rosa me buscaria no aeroporto.
Quanto tempo não andava de carro! E quanta gargalhada!
Foi uma farra. Eu não levei quase nada na mochila, fui avisada que não seria permitido nenhum frasco com menos de 100ml e então eu não transportaria peso algum em uma viagem curta. Nada de chinelo, camisola, desodorante, perfume, sapatos diferentes, ou vários modelos de blusas, apenas o básico. Minhas viagens prediletas são as que eu não preciso transportar nada.
A Rosa me fez rir o tempo todo em que estive em Genebra.
Fui recebida por ela no aeroporto e em seguida fomos de carro até o Lago Lemán, cartão postal da cidade. Belíssima! Limpa, arborizada, florida, organizada, moderna e antiga. A copa de algumas árvores chamou minha atenção, não vi coisa igual em lugar algum. Nesta época estavam sem folhas e foi possível visualizar os galhos cheios de nós em suas extremidades.
Percorremos alamedas cercadas destas árvores em toda sua extensão. Formavam um longo corredor de troncos.
Ela dirigia um Peugeot 206 cor cinza.
Fomos ao encontro da Laura que fazia um piquenique com seus amigos em barco atracado no Lago Lemán.
Visitamos um museu em que a Rosa trabalhava. Cantinho de flores multicores que eu desconhecia, heras, trepadeiras e delicados canteiros em tons de cor lilás.
Devido estar posicionado no alto de uma colina foi possível avistar casas da cidade, do outro lado do Lago Lemán. Lindo!
O Richard só falava francês, mas, nos entendemos bem, a Rosa traduzia as piadas que ele contava e nos comunicávamos através de gestos. A Sarah, Laura e Rosa falavam português devido à minha presença, mas, de vez em quando escapava um diálogo em francês. Convenhamos que esta não é uma língua tão complicada de se entender!
Na manhã seguinte de sexta feira viajamos até Chamonix.
Videiras faziam parte da marcante paisagem.
Avistamos os picos do Mont Blanc que já não contêm tanta neve. Com o aquecimento global o gelo foi se derretendo aos poucos.
Estando mais próximos aos picos podemos ver fios d´água descendo morro abaixo e isso nos faz refletir.
Por temer grandes alturas eu não quis andar de teleférico, preferi subir o morro de trenzinho, opção bem mais romântica. Sou apaixonada por trens, que dirá os de cor vermelha. Dentro do bondinho vermelho casais com crianças e pessoas desacompanhadas, todos confortavelmente agasalhados. Do lado de fora tudo no chão estava forrado de neve, eu podia ver a espessura de uns vinte centímetros de gelo beirando o morro. Subida, subida, subida. Pinheiros coloridos de branco. Subimos mais um pouco e os pinheiros continuavam com parte dos caules encobertos de neve. Ouviam-se exclamações das crianças e dos adultos. Espanto!
Bem no topo avista-se a imensidão branca. Homens e mulheres com equipamento de esqui subindo e descendo ininterruptamente feito um enxame de abelhas. Muitas cores de roupas, de pele e de cabelo, quero dizer, pessoas de vários lugares do mundo, idiomas diversos. Encontramos duas irmãs brasileiras que nos contaram sua aventura através da Itália e da Tunísia. Enquanto descíamos as escadas olhando o cenário ouvíamos seu depoimento cheio de ânimo. Foi através desta conversa que passei a ter vontade de conhecer a Tunísia.
Já em terra firme a Rosa resolveu me fazer uma surpresa.
Entramos no carro e eu pensando que retornávamos para Genebra. Atravessamos um túnel em direção a Itália cujo pedágio para cruzar a fronteira custava sessenta euros. Para justificar o desvio do caminho e o alto valor do pedágio ela alegou que queria visitar alguém. Percebi então que o intuito da Rosa em atravessar a fronteira era o de tomarmos nosso primeiro capuccino na Itália. Foi uma pequena loucura ao lado de uma amiga querida. Valioso!
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