quinta-feira, novembro 26, 2009

Havíamos prometido...

... a Sarah que retornaríamos a tempo de preparar uma "raclete", no entanto, ainda faltava um local para eu conhecer. Mágico e ao mesmo tempo temeroso.
Mágico pelo brilho do sol nas reentrâncias da vegetação e temeroso pelo fato de o carro trafegar rente a um precipício dando a impressão que poderíamos despencar a qualquer momento ou a qualquer deslize.
Aventura!
É sempre bom estar o mais alto possível para se avistar a planície, e esta era uma visão privilegiada de 360 graus, com o azul do céu nas nossas cabeças, o frio chegando ao passo em que o sol se distanciava e o vento se aproximava. Ao longe havia um grupo de estudantes sentados em redor de um cobertor estendido no chão, lanchavam e conversavam em inglês, era perceptível o seu contentamento. Isso contribuía para a nossa felicidade. Gente feliz faz outra gente feliz.
A cidade estava aos nossos pés, os telhados vermelhos eram os prédios de Genebra, oito horas da noite, o sol clareava até o infinito e naquele exato momento deveríamos servir a "raclete"... Risos de satisfação! Que importância tinha o tempo agora?

terça-feira, novembro 24, 2009

Ao sair de casa

ela disse a derradeira frase do Kairos:
"A vida é curta, mas o seu vestido..."

sexta-feira, novembro 20, 2009

quarta-feira, novembro 18, 2009

Pensava que fosse um sítio,

uma chácara ou uma casa de veraneio tamanha a distância percorrida de carro.
Não era casa de veraneio não.
Quem mora na Suíça e quer ter casa própria, compra na França, pois, no primeiro país custa o dobro que no segundo, o imposto predial é o dobro e ainda se paga um imposto sobre o aluguel da casa, mesmo que seja própria e que se more nela. Avalia-se um preço semelhante a um aluguel e é considerado como tal.
Quem compra casa na França morando na Suíça tem que gostar de dirigir e gostar de levantar cedo. Tem gente que viaja 160 quilômetros por dia, ida e volta, para ir e vir trabalhar na Suíça onde o salário é melhor.

Imaginava muita sombra em volta da casa e ao chegarmos encontrei o oposto, a vegetação se parecia mais com cerrado, o sol não tinha onde se esconder e eu me sentia novamente em um clima tropical. José construiu sua casa com esmero e capricho, móveis, azulejos e materiais da melhor qualidade. Isto era visível ao se adentrar a casa. Ele preparara o almoço para a família reunida, não esperava visitas, nem havia mais nada pra se comer, e eu estava faminta. Devoramos tudo o que havia sobrado, desde azeitona até um fiapo de bacalhau que carne vermelha eu nem podia ver naquela época, tinha ojeriza.
Claro que antes de retornarmos pra Suíça cantei para todos na sala.
Ouviam emocionados, quietos.

quinta-feira, novembro 12, 2009

No dia seguinte

Rosa gentilmente me levou para conhecer uma cidade medieval Francesa chamada Yvoire. Um encanto!
Por instantes pensei fazer parte de uma fábula. Construções em pedras que se acinzentaram pela ação do tempo com vasos de flores vermelhas no parapeito das janelas. Trepadeiras verdes brilhante se estendiam feito um tapete até o telhado. Uma pena que estes locais estejam tomados pelo comércio. Não me agradam situações em que o turismo é confundido com comércio porque há quinquilharias de toda espécie à venda. A população deixa de observar a história local e a natureza para olhar os objetos. Consumismo inconsciente.
A estrada de Genebra a Yvoire, na França, é um verdadeiro sonho!
Planícies verdejantes, extensas plantações de uma delicada e cheirosa flor amarela denominada "colza", primordialmente cultivada para obtenção de óleo de cozinha e secundariamente para fabricação de outros óleos a exemplo do óleo diesel.
Não fazia a menor idéia de como seria a casa do José, português, radicado na Suíça e com casa na França.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Genebra

Resolvi reduzir minha permanência em Dublin.
Visitaria outros países para aproveitar a estada na Europa. Planejei passar uns dias em Genebra, na casa da hilária Rosa, no início do mês de maio.
De Dublin a London (Gatwick Airport) e de London a Geneve, em seguida Rosa me buscaria no aeroporto.
Quanto tempo não andava de carro! E quanta gargalhada!
Foi uma farra. Eu não levei quase nada na mochila, fui avisada que não seria permitido nenhum frasco com menos de 100ml e então eu não transportaria peso algum em uma viagem curta. Nada de chinelo, camisola, desodorante, perfume, sapatos diferentes, ou vários modelos de blusas, apenas o básico. Minhas viagens prediletas são as que eu não preciso transportar nada.
A Rosa me fez rir o tempo todo em que estive em Genebra.
Fui recebida por ela no aeroporto e em seguida fomos de carro até o Lago Lemán, cartão postal da cidade. Belíssima! Limpa, arborizada, florida, organizada, moderna e antiga. A copa de algumas árvores chamou minha atenção, não vi coisa igual em lugar algum. Nesta época estavam sem folhas e foi possível visualizar os galhos cheios de nós em suas extremidades.
Percorremos alamedas cercadas destas árvores em toda sua extensão. Formavam um longo corredor de troncos.
Ela dirigia um Peugeot 206 cor cinza.
Fomos ao encontro da Laura que fazia um piquenique com seus amigos em barco atracado no Lago Lemán.
Visitamos um museu em que a Rosa trabalhava. Cantinho de flores multicores que eu desconhecia, heras, trepadeiras e delicados canteiros em tons de cor lilás.
Devido estar posicionado no alto de uma colina foi possível avistar casas da cidade, do outro lado do Lago Lemán. Lindo!
O Richard só falava francês, mas, nos entendemos bem, a Rosa traduzia as piadas que ele contava e nos comunicávamos através de gestos. A Sarah, Laura e Rosa falavam português devido à minha presença, mas, de vez em quando escapava um diálogo em francês. Convenhamos que esta não é uma língua tão complicada de se entender!

Na manhã seguinte de sexta feira viajamos até Chamonix.
Videiras faziam parte da marcante paisagem.
Avistamos os picos do Mont Blanc que já não contêm tanta neve. Com o aquecimento global o gelo foi se derretendo aos poucos.
Estando mais próximos aos picos podemos ver fios d´água descendo morro abaixo e isso nos faz refletir.
Por temer grandes alturas eu não quis andar de teleférico, preferi subir o morro de trenzinho, opção bem mais romântica. Sou apaixonada por trens, que dirá os de cor vermelha. Dentro do bondinho vermelho casais com crianças e pessoas desacompanhadas, todos confortavelmente agasalhados. Do lado de fora tudo no chão estava forrado de neve, eu podia ver a espessura de uns vinte centímetros de gelo beirando o morro. Subida, subida, subida. Pinheiros coloridos de branco. Subimos mais um pouco e os pinheiros continuavam com parte dos caules encobertos de neve. Ouviam-se exclamações das crianças e dos adultos. Espanto!

Bem no topo avista-se a imensidão branca. Homens e mulheres com equipamento de esqui subindo e descendo ininterruptamente feito um enxame de abelhas. Muitas cores de roupas, de pele e de cabelo, quero dizer, pessoas de vários lugares do mundo, idiomas diversos. Encontramos duas irmãs brasileiras que nos contaram sua aventura através da Itália e da Tunísia. Enquanto descíamos as escadas olhando o cenário ouvíamos seu depoimento cheio de ânimo. Foi através desta conversa que passei a ter vontade de conhecer a Tunísia.
Já em terra firme a Rosa resolveu me fazer uma surpresa.
Entramos no carro e eu pensando que retornávamos para Genebra. Atravessamos um túnel em direção a Itália cujo pedágio para cruzar a fronteira custava sessenta euros. Para justificar o desvio do caminho e o alto valor do pedágio ela alegou que queria visitar alguém. Percebi então que o intuito da Rosa em atravessar a fronteira era o de tomarmos nosso primeiro capuccino na Itália. Foi uma pequena loucura ao lado de uma amiga querida. Valioso!