sexta-feira, janeiro 29, 2010

Bruxelas

O Alemão amigo músico e a Liliane, cantora, foram gentis em me buscar no aeroporto em uma Berlingo cor mostarda. Ele deitado atrás enquanto eu apreciava a estrada no banco frontal de passageiros. E começamos bem porque cheguei sem voz. No dia anterior, uma sexta feira chuvosa e friorenta, uma garota de dezoito anos se empolgou em vir conversando comigo debaixo de chuva e o vento gélido tomou conta dos meus brônquios, penetrou fundo em meu pulmão. Tão feliz estava com o diálogo que não percebi o mal que isso poderia me causar mais tarde. Esqueci que Dublin possuía outro clima e me expus a microorganismos diferentes daqueles com que estava habituada. Foi fatal, na mesma noite fiquei afônica.
Embora minha voz estivesse ausente não sentia dor alguma em local algum. Muito diferente do que costuma nos acontecer no Brasil em que a garganta logo arde. Imagine chegar em um local em que você não conhece nada inclusive os anfitriões e ainda ter que ficar calada tempo integral! É um verdadeiro sofrimento não poder expressar-se, contar fatos e notícias que os conterrâneos esperam que levemos.
Grandes novidades não faladas. Poucas coisas! Quase nada. É, eu me sentia quase nada. Sem poder retribuir a enorme gentileza do casal fiquei emocionalmente reduzida a pó. Liliane preparou pratos magníficos enquanto o Alemão me mostrou suas músicas, seu estúdio, o quarto sala em que eu ficaria. Ah! Havia um computador para eu me comunicar com os meus... Era uma casa com pé direito alto, batentes ovalados e paredes em verde berilo. Esta tonalidade específica me remetia à infância por estar presente no meu jogo de lápis, isso me apaziguou. Outras cores vibrantes chamavam a atenção. O banheiro era bem iluminado, parecia estar fora da casa, possuía uma segunda porta que dava para o quarto do casal e uma terceira porta que dava pra o jardim. Extraordinário!